segunda-feira, 29 de novembro de 2010


Marcando Pontos da Construção Feminista

Na passagem do século XX para o XXI, o feminismo pôde reconhecer o resultado de todo o seu labor histórico contra o patriarcado: firmava-se o consenso crítico entre as correntes de pensamento de que a identidade-referencial de ser humano da cultura ocidental excluía a grande maioria dos seres humanos, pois estava referida apenas numa minoria: o homem-dono-branco-europeu-adulto-heterossexual. As mulheres, os despossuídos, as outras raças e etnias, as outras idades e as outras expressões de sexualidade, seriam apenas não-homens, não-sujeitos, não-brancos, não-europeus, não-adultos e não-normais. Na visão feminista, tal construção, fundada na perspectiva patriarcal de organização humana, significara justamente a supressão da individuação, da identidade, da autonomia, enfim da existência do sujeito referida numa vida concreta que se materializa a partir de um corpo que sente, age e pensa de forma própria a Natureza e os seres humanos.  A construção desse sujeito para as mulheres se anuncia com a emergência do feminismo enquanto sujeito coletivo de uma causa libertária. O estágio atual de desenvolvimento das mulheres, como sujeitos de suas próprias vidas, se caracteriza por sua inserção significativa nas atividades produtivas e intelectuais e por sua presença apenas simbólica nas esferas de decisão. 

A questão feminista – As desigualdades entre homens e mulheres - foi sendo formulada através da tomada de consciência das mulheres sobre a sua própria opressão e exploração, num embate com as idéias liberais e marxistas, durante toda a Modernidade. Se nos primórdios do feminismo denunciava-se a desigualdade de direitos entre homens e mulheres, no decorrer do tempo esclareceu-se a condição de subordinação das mulheres no conjunto das atividades da vida humana.

A dinâmica do fazer feminista – Outra característica importante do feminismo é não haver determinado à priori, ou seja, modelado as formas para conduzir os seus objetivos, ou a forma que assumiriam os seus resultados. Dessa maneira, a cada ganho das mulheres surgiam e surgem novas demandas, novos conhecimentos e novas formas de organização, produzindo, assim, a possibilidade concreta de inclusão de novos sujeitos, de transformação de suas próprias práticas e de inserção de seu pensamento em diferentes instâncias da vida em sociedade.
No campo dos valores, o feminismo vem se pautando por três parâmetros: a igualdade social entre os indivíduos, a autonomia dos sujeitos e a solidariedade entre os sujeitos.  É a partir da busca de realização desses valores, que o feminismo passou a re-significar Desigualdade, Diferença, Igualdade e Eqüidade, compreendendo que esses termos assumem significados políticos radicais ao estabelecerem múltiplas relações entre si. Assim, as desigualdades só podem ser enfrentadas se respeitadas as diferenças; e a igualdade só pode ser estabelecida se referida na eqüidade. Da mesma forma, as diferenças só serão respeitadas se desejada a igualdade, e as desigualdades abolidas se estabelecida a eqüidade. A diferença é o ponto fundamental dessas equações, pois ela não só se refere ao biológico, ao objetivo, mas a toda subjetividade humana, enquanto a eqüidade é o mecanismo para se relacionar com a subjetividade.

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